domingo, 6 de julho de 2008

Olhos em descanso

Descanso meus olhos sobre o papel,
enquanto descanso meus pensamentos.
São grãos cobertos de pó,
verdades jogadas ao chão
e a leitura descartada.
Nada se pode fazer.
Fatos nos engolem,
agora, já estamos derretidos.
Não encontro palavras certas,
mesmo num livro de mil páginas.
Com o leito desarrumado, ainda durmo.
Fecho os olhos para uma saudade que teima em ficar.
Tranco a porta, ponho cadeado
e vou embora.
Largo a saudade numa larga sala,
agora, ela é quem tem saudade de mim.

2 comentários:

Ramon de Alencar disse...

...
-E quem tem saudade da Saudade?

Thalita Castello Branco Fontenele disse...

Essa inefabilidade constante em nossas vidas revela, embora ferindo, que somos possíveis de aprofundamento. Acho que é por isso que eu continuo...

Lendo teus olhos em descanso, senti um aperto no peito... É também porque misturo muito o que estou com o que as palavras de outrém são. Mas é a vida... Encontrar-se nos outros já é grande coisa para nós que tanto buscamos.