terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Sombra e água



Dezessete vezes eu rezei hoje. Orações de outros tempos, outros povos. Era como presenciar a sombra de uma árvore que cresce e te cerca. Mas, eram apenas os olhos verdes de quem sente frio... Não sei ao certo sobre os passos que foram seguidos, mas talvez seja melhor assim.
São muitas as verdades, e eu não conheço quase nenhuma. Ainda que perdurem as minhas dúvidas, e estas sejam formas de alcançar o intangível. Nada será tão real, ou mais real comparado àquele céu enorme sobre a minha cabeça.
Hoje completam três dias de pura insônia. Mas, se não durmo minhas palavras reagem ao corpo cansado e dolorido de quem não se mexe por décadas.
Agora eu vejo, sim. Agora posso ver todas as luzes da cidade. Cada ponto de luz. Ei! Você também está brilhando...
Eu sinto a minha pele se aquecendo, mesmo depois de todo aquele gelo. Agora eu posso derreter em paz.
Nunca serei assim, tão água.
Vinte e três vezes eu disse sim. Mas, o mais possível às vezes é o que nos parece mais difícil. Eu entendo. Você ainda não sabe da tua luz. Não conhece a si mesmo. Portanto, não há como obedecer o teu inconsciente.
E, mesmo nos meus sonhos mais profundos eu não lembro. Não sei dos meus pecados. Acho que estou caducando ainda na infância. Ou, na verdade, eu estava com a razão o tempo todo.
Embora ninguém nunca saberá a resposta da motivação, eu lhes digo que nunca houve nada tão puro quanto o nada.