quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Bumerangue


Delírio.
Instinto.
Assobio.
Suspiro.

Acorde maior.
Acorde, maior.
Marcas nos lençóis e na pele.
Febre.
Suor.

Primeiras horas,
o sol ainda lambe o solo.
Depois vem e morde,
e por fim, morre.

Bumerangue de gente,
estrado quente,
mercúrio, ebulição.

Cansaço.
Corpo refeito.
Eu, você, leito.


terça-feira, 9 de outubro de 2007

Risos e óculos


Riso, mimo
pequeno e liso.
De onde te enxergo melhor?
De dentro?
Curvas em febre alta que atiçam memórias.
Salivas que te servem de lençol,
quer mais?
De onde te sinto melhor?
Dedos em ritmo lento, lento, acelerou.
Cumpro ordens de desejos seus.
Verdades tão nuas quanto suas.


quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Leito e breu


Meus olhos dengosos
em gestos formais
encontram suas formas
sem saber de que forma
eu preencho a fôrma de teu desejo.
É puro medo.
Pura inocência e malícia.
Fartas carícias em muitas lambidas.
É puro anseio.
Pura vertigem e tontura,
de volúpia em moldura,
e lascívia e ternura.
É puro seio.
Puras curvas em meio
e ao meio, me afogo em carne viva.
É puro leito,
que nos abarca inteiros e sacia.
É puto o tempo
que galopa em rumo
do fim inconcluso
deste breu em par.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Sopro cru


Rasgue minhas palavras ao meio
posto que me produzem pouco efeito
e me tornam tão feio
que tenho medo de mim.
Rasgue os verbos que não te entrego
pois ainda há medo de estourar.
Seque meu corpo em sopro cru.
Molhe o mesmo em músculo nu.
Cave minha couraça e faça
suar.
Pingo.Pingos.
Gotejar em mim desejos seus.
Praguejar em ti apetites meus.
Trocar alianças, inventar meias danças
de corpos em pares deitados em frases banais.
Dentes a mais me causam tontura.
Olhos a mais causam ternura.
Distância a mais: singular tortura.



terça-feira, 10 de julho de 2007

Espantalho


Saiba dos efeitos de versos pequenos.
Saiba controlar grandes defeitos.
Pesos insustentáveis me encantam,
mas geralmente não atraem compaixão.
Espantalhos de risos medidos eu levo
entre pequenos e grandes versos.
Figuras desnudas tremem nas praças
das pequenas cidades...invade, e não faça
mais nada que imploda desejos ou medos!
Cores só existem em moldura da luz,
a luz é a essência de nós,
mas eu ainda prefiro o nó!
Agora, um olhar tremido espreita a janela,
vem e desconta cada motivo que me fez
esconder grandes sorrisos, não há mais nada,
a brisa é pura entonação.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Binóculo


Tira a roupa do cabide
que ela ainda insiste em me desafiar.
Tira as roupas e tira,
que ainda que use binóculo de cá
dará pra sentir as curvas de lá.
Faz de mim pouco mais que dispersão,
encontra o riso que eu trouxe na contramão.
Não há verbo que traduza esse Tom,
mas pouco me imp0rta,
pois se som da brisa fecha a porta,
já me basta!
Afasta o medo e o desespero,
e confia em meu palpite,
que as vezes a razão tropeça.
Esquece o que não deu certo
e insiste...


segunda-feira, 25 de junho de 2007

Desenlace brusco de pernas ou Massa de pão.



Caiu a menta
em mim, e colou.
Volta e meia passa assim,
em voltas no chão.

Recados de lábios
em formas sinuosas,
e um corpo inteiro dobrado.

O tempo a cavalo
só de pirraça.

Desenlaça!

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Passim (do Lat. aqui e ali)



De onde vês teu horizonte,
mesmo mergulhado em dramas rasos,
ou profundo drama escuso,
mesmo assim, é só o teu jeito de ver.
De onde queres que te vejam,
com rostos cobertos e olhos precisos,
ainda digo que é só o teu jeito de viver.
Pra onde vai tanta arrogância,
em acreditar que só existem estas formas de se ver,
ou domina este horizonte ou cria novas ignorâncias.
Num mundo tão maior que seu umbigo,
cresce lama e cresce relva,
mas você que insiste em viver em selvas de pedra,
ainda que moldurem somente os teus olhares,
finge não acreditar que do lado de lá
pairam outras possíveis inexatidões.
Crer nessas diferenças e registrar paixões,
faz daqui um novo caminho pra uma nova in-exatidão...