quinta-feira, 26 de julho de 2007

Sopro cru


Rasgue minhas palavras ao meio
posto que me produzem pouco efeito
e me tornam tão feio
que tenho medo de mim.
Rasgue os verbos que não te entrego
pois ainda há medo de estourar.
Seque meu corpo em sopro cru.
Molhe o mesmo em músculo nu.
Cave minha couraça e faça
suar.
Pingo.Pingos.
Gotejar em mim desejos seus.
Praguejar em ti apetites meus.
Trocar alianças, inventar meias danças
de corpos em pares deitados em frases banais.
Dentes a mais me causam tontura.
Olhos a mais causam ternura.
Distância a mais: singular tortura.



terça-feira, 10 de julho de 2007

Espantalho


Saiba dos efeitos de versos pequenos.
Saiba controlar grandes defeitos.
Pesos insustentáveis me encantam,
mas geralmente não atraem compaixão.
Espantalhos de risos medidos eu levo
entre pequenos e grandes versos.
Figuras desnudas tremem nas praças
das pequenas cidades...invade, e não faça
mais nada que imploda desejos ou medos!
Cores só existem em moldura da luz,
a luz é a essência de nós,
mas eu ainda prefiro o nó!
Agora, um olhar tremido espreita a janela,
vem e desconta cada motivo que me fez
esconder grandes sorrisos, não há mais nada,
a brisa é pura entonação.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Binóculo


Tira a roupa do cabide
que ela ainda insiste em me desafiar.
Tira as roupas e tira,
que ainda que use binóculo de cá
dará pra sentir as curvas de lá.
Faz de mim pouco mais que dispersão,
encontra o riso que eu trouxe na contramão.
Não há verbo que traduza esse Tom,
mas pouco me imp0rta,
pois se som da brisa fecha a porta,
já me basta!
Afasta o medo e o desespero,
e confia em meu palpite,
que as vezes a razão tropeça.
Esquece o que não deu certo
e insiste...