sábado, 27 de setembro de 2008

Maçãs

Comigo foram três maçãs.
E, depois disso, lá estava eu,
com os pés no chão,
olhando para um universo desconhecido.
Eu me desconhecia.
Eu me desconheço.
Não sei ao menos meu endereço,
e me perco.
Comigo foram três cruzes.
E, em seguida, lá estava eu,
com sangue escorrendo das mãos.
Sem saber qual a motivação que me fez voltar.
Entrei em três arcas,
mas sem par,
e ninguém me perdoou por isso.
(mas, o perdão também entrou sozinho).
Eu também abri os mares, mas foram três,
e, em seguida, eles me afogaram.
Minhas marés são a minha força e meu desespero,
e as minhas velas apagaram minha madrugada.
Tenho medo do tudo e do nada.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Insônia de Morfeu


Para quem perde o dia entre as páginas,
ganha lágrimas de companhia...
É, são as escolhas de um só...
Para quem chega e desencanta,
pois encontra outro canto no seu ninho.
Tanta dor de quem apenas caminha
com as mãos no bolsos e os olhos de joelhos.
Passeando entre os carros e o meio-fio,
sem atentar para coisa alguma,
além daquela que ainda não veio e já foi embora.
Um assobio.
Mas, este não parece ser mais o meu ninho.
E, enquanto isso, perde-se a eternidade.
Meu constrangimento rubra o céu,
e agora é o fim da tarde.
Agora, neste asfalto gelado de verão,
somos eu, a saudade e solidão,
de mãos dadas tudo será...
Olhos de plantão
de quem não dorme desde que nasceu
e já não tem aquele sono de Morfeu.
É, são as escolhas de um só,
que por fim assim acaba...


domingo, 14 de setembro de 2008

Poeira nos olhos


Minha bebida inquieta.
Meus advérbios inseguros.
Meus dramas, minhas virtudes.
Tudo misturado nas mesmas páginas.
Minha dor de ser só eu.
Minhas canções repetidas.
Os passos que não escuto.
A poeira de Testut.
Ritmo impreciso.
A surpresa que nunca chega.
O tempo venceu e a distância celebrou.
Meus pronomes urbanos,
meus passos de asfalto,
minha direção errada.
Meus pés me levam para longe,
pois meus verbos não souberam convencer.
Minhas mãos ficaram livres,
pois minha pele não soube seduzir.
Meus olhos choveram,
e ainda não aprenderam a nadar.

domingo, 7 de setembro de 2008

O violão da Rita

Agora me resta apenas o violão e meus sentidos.
Seis sentidos em seis cordas.
Agora meu ritmo mudou,
minha batida descompassou,
meus atalhos não são os mesmos.
Agora só eu e minhas manias.
São tantos tratos...
Sobraram apenas fatias de mim,
Agora?
Ainda não quero rimar...