segunda-feira, 6 de junho de 2011

Quartas-feiras

Você veio e me deu a mão. Em firmeza bruta e doce, em suspresa. Veio e me encontrou no meio do caminho, com os olhos perdidos e algum soluço preso na garganta. Retirou as vendas do meu rosto e eu as guardei no bolso da calça ainda suja de outras estradas. Vi seu rosto brando e seguro, seu sorriso consciente e suas fibras aparentes. Você me puxou pelas mãos e me fez sair do sol que derretia minhas escolhas. Agora eu pude deitar em relva recentemente umidificada. Os méus pés em posição surpreendentemente nova e você ao alto, me fitando como quem espera o que já sabe o que está por vir. Sua certeza me apaixona. Pus as mãos no solo ainda fresco, usei os músculos que já nem lembrava que tinham forma e força e, levantei. Grudei meu olhar no seu, e mesmo sem nada dizer, você respondeu sim à minha pergunta. Sim. A vida nasceu de um sim, clara lis. Tua mão macia, aconchegante. Teu olhar delicado. Tuas escolhas firmes. Meu desespero por ter que alcançar-te em vitória constante. Consegui. Superei o drama clichê da folha em branco, do sumiço das palavras. Superei o desespero de estar em silêncio. Mas... O silêncio é sábio, é admirável, é reforçador. Meu coração agora pulsa firme, em eterna sobriedade alcoolica. Encontro você regando meu jardim e o crescer também pulsátil das folhas e flores. Vejo a estupidez que foi aquele quase cair. E, lembro de estar em queda livre quando você me acomodou em seu perdão. Agora eu sei do cheiro das quartas-feiras. Agora eu sei que cheiro têm.

Um comentário:

Felicidade Clandestina disse...

"maré",

gostei do nome :)

obrigada pela visita!
és bem-vinda.


ah, somos vizinhas?
que coisa boa!

abraços